quinta-feira, dezembro 18, 2008

Vómito criativo

Há surpresas que aparecem da forma mais adequada que se possa imaginar... Quando um dia tudo parece desabar à nossa volta, quando o que parece é que toda a Terra treme, qual 1755... o curso das coisas muda tão repentinamente quanto a pele de camaleão... E camaleão propositadamente... Camaleão de capacidade de adaptação, de reacção, de rapidez na mudança...
Depois de litros vertidos, um coro de Gospel cantava, ao fim de mais de meia hora de energia pura e genuína, Oh happy Day, Oh happy day... Mais do que ironia, poderia ser encarado como uma espécie de sinal... de que nenhuma tristeza vale a pena, a não ser a que faz parte do passado... Vibrações de pura felicidade entram peito adentro, o corpo mexe-se ao sabor do ritmo, as mãos que começam a bater uma na outra... harmonia de som, cor, movimento...
Depois as palavras... As que sabemos e não sabemos... As que nos dizem tudo e não dizem nada... As fáceis e as difíceis... Dissecar palavras... Sim, foi isso! Dissecaram-se palavras. Elas por elas próprias, pelo seu sentido, contexto, cor, forma, significado... Despidos de condicionalismos e convenções, foram vomitando conjuntos de letras. Do não sentido ou do sentido limitado, tudo se torna lato, abrangente... Revigorante...
Terminou-se com "Hoje, das 7h30 às 10h, fechei-me do mundo e deixei-me voar dentro de mim... Hoje das 7h30 às 10h, vi sorrisos em olhares desconhecidos, vi pureza em expressões gastas e batidas, vi leveza em espíritos ávidos..."
Se bem me lembro, foi a primeira vez que escrevi algo puramente ficcional... Que levada de um ponto, passei por vários outros, de descontextualização, desconstrução, desformatação... Até chegar a algo tão simples e natural como pegar numa folha em branco, um lápis de carvão e simplesmente deixar a mão dançar... dançar ao sabor do peito, deixando a cabeça fechada... simplesmente deixar fluir as palavras que se formam na ponta do carvão... sem preconceito ou pré-conceito, sem julgamento, sem forma definida ou pré-definida... simplesmente deixei que a minha mão, já cansada de 2h30 de puro vómito criativo, dançasse um pouco mais numa folha branca e construísse aquilo que é a minha primeira criação puramente ficcional; não inspirada por emoções, sentimentos, condições ou condicionantes, vivências, experiências e sei lá mais o quê, que me empurra a escrever de quando em vez... Um dia destes partilho ;) E voltarei! Seguramente voltarei!!!

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domingo, dezembro 14, 2008

Porque...

Porque às vezes basta uma palavra...
Porque nem sempre é preciso preparar o discurso
Porque espontaneidade é tudo...
E o inesperado gera sorrisos genuínos
E o sincero e honesto é tudo
Porque como sempre se disse, a razão tem razões que a própria razão desconhece
Porque nem tudo se entende, contextualiza, explica, transmite...
Porque o tempo até pode parar e esperar pelo que está certo
E os olhares que se cruzam dizem muito mais que poemas, discursos ou romances...
Porque a presença não tem que ser sempre física
Porque a partilha é de muito mais que alma
Porque tudo é demais para se conter num peito...

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sexta-feira, dezembro 12, 2008

Em crescendo...

Sento-me e olho o horizonte. Não o espacial, mas o temporal. Sinto que apesar de honesta comigo, não o sou com a minha felicidade. As escolhas de outrora condicionam-me as capacidades de agora. De agir e reagir. De viver sem demais ponderar. Do coerente no tempo e no discurso. Assumir algo verbalmente é sempre um grande passo, quando o objecto de análise somos nós própios e as nossas capacidades, expectativas, desejos... E o que é um desejo? Imutável? Conciso? O desejo pode ser um, hoje, e outro completamente diferente amanhã?
Racionaliza... mas não no momento certo, não na medida certa. Soltar amarras, desfazer nós, decifrar códigos. Não verbalizar o desejo. Camuflá-lo! Disfarçá-lo! Vesti-lo de roupagens obscuras, desconhecidas, emsombradas... Explicar sem o fazer, desvendar sem revelar. Ponderar, matutar, matematizar quando o sensato seria apenas viver e usufruir...

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quinta-feira, dezembro 11, 2008

Um som que chega do nada...

Do nada, um som...
Imagens, recordações...
Calor, conforto, aconchego
Talvez cheiros até...
Uma letra com mais mensagem do que se esperava,
Uma melodia que amacia o corpo
Movimentos redondos ao sabor do batimento
Emoções verdadeiras e genuínas
Momentos inesperados e saborosos...

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Gotas de tinta...

Às vezes a tinta parecia querer sair de rompante. Cada gota, cada pedaço, cada borrão... Empurravam-se nervosamente na esperança de mais cedo tocar o papel. Era tanta e tão ansiosa que a caneta não parava jamais. Era um frenesi incomensurado! Nada naquele momento era mais importante que o fluir. Talvez sem forma, quem sabe que conteúdo, o sentido uma incógnita, o objectivo indefinido... Simplesmente ía fluindo. Gota após gota, simplesmente formava desenhos no papel. Curvas e mais curvas, só precisava de se soltar daquela prisãoque era de plástico transparente. De dentro viam papel limpo, imaculado, vazio, à espera de receber, receber... receber tinta, receber curvas e mais curvas, receber palavras, frases parágrafos... com e sem pontuação. Ideias, conceitos, emoções... sentimentos até, embora esses fossem de outro patamar, outra hierarquia, outra complexidade, outra razão ou falta dela e de novo a emoção, o emotivo...
Tinta! Apenas tinta que saía de um tubo trnasparente, por não mais suportar a prisão no conhecido...

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Amanheceres...

Hoje de manhã vi-o nascer


Por si só, poderia ser mais que suficiente para me deixar de sorriso parvo na cara...

Mas a seguir o rádio ofereceu-me isto:



E aqui, confesso, fiquei num misto de histeria e serenidade absoluta... Só me lembrava das crianças piquenas, qdo algo de muito bom lhes acontece. Riso do nada, parvo, sorriso de orelha a orelha, vontade de dançar e saltar e rir e sorrir e gargalhar e abraçar e beijar e acarinhar e falar e cantar e simplesmente ficar em silêncio a absorver cada nanosegundo do momento...

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Ao sabor...

Ao sabor do sol o pensamento flui
Recordo e sorrio à emoção que lembro
Ao serão confusão, emoção, contemplação
E um desejo de revelação... paz...

Ao sabor da lua o meu peito navega
Aperta-se e voa ao sabor da cadente
De longe quero-te e desejo-te sem te privar
E um ensejo de emoção... medo...

Não deixes de ser teu mesmo que ofereças o céu
Não deixes de te buscar mesmo na entrega sem hesitar

Emoção que dispara o batimento
Coração que acalma o sentimento

Sinto e não sei o que é sentir
Quero sem saber o que é querer
Anseio sem saber o que é partilhar
Cresço sem saber o que é caminhar

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sexta-feira, dezembro 05, 2008

Lizz Wright - My Heart




My heart my head my mind my soul
My feelings over you

My tears my touch remember all that I am to you

My heart my mind my soul
My feelings over you

My tears my touch remember all that I am

When you're gonna pick up the phone and call me
Tell me I can come over

I got my ticket and my bags are packed
My coat is hangin' over my shoulder

Time is passing and it's getting late
This heart of mine just can't wait

And after all that we've been through
I maybe get there and I'll give it to you baby

My heart my head my mind my soul
My feelings over you

My tears my touch remember all that I am to you

My heart my mind my soul
My feelings over you

My tears my touch remember all that I am

Standing by the window and lookin' out
My heart is turning I want to shout

You're complicated I don't want to complain
The way you're acting can you explain

Why all this love is wasted on you
Can I live with all that is you

You say you love me silence I can't hear
All I want is to be near you baby

My heart my head my mind my soul
My feelings over you

My tears my touch remember all that I am to you

My heart my mind my soul
My feelings over you

My tears my touch remember all that I am

I'm looking for a reason to stay true

Looking for our love
Looking at me and looking at you

And even if I could turn away and then
I see that I'm falling in love again

Some times I wanna give you up
Some times I want to leave you alone
Some times I want to run away
And some times I want you to come back home
Come home to me yeah yeah baby
I know I know you'll be good for me
Come home come homeYeah baby
I'm right here baby
Come home to me
Yes I'm right here baby

Yeah all I am to you
I know you feel me baby
Yeah yeah
Come on come on
Home to me

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sei e não sei...

Sim, é um facto: penso em ti! Mais do que deveria; mais do que me deveria permitir.
Não te sei explicar porquê. Talvez não queira saber porquê.
Não sei que tens que me prende. Muito menos sei que tens que te prende.
Não te conheço. Não te tenho. Não te sinto. Não te estranho nem entranho. Não te absorvo. Não te alimento o espírito, a alma, a fantasia, o desejo, a esperança... as energias que tens, precisas, procuras...
A música diz que não sei o que quero. Também não o sabes... Então porquê perguntar? Dentro do meu mundo não te tenho falta. Fora das minhas 4 paredes só fazes sentido...
Não sei o que digo. Não sei o que penso, sinto, quero, desejo... Não te sei feliz nem esperançoso. O teu olhar procura desejo, procura estímulo, procura entendimento, liberdade, sonho.
Não sei o que queres ou precisas. Sei-te insatisfeito... Insuficiente... E às vezes gostava de ter nas mãos a responsabilidade dessa árdua tarefa.
Jamais te ofereceria o que não posso dar. Em dias como o de hoje oferecer-te-ía a capacidade de sorrir. Do nada. Para o nada. Porque sim e porque não. Pouco! poderão apontar. Imensamente muito! atrever-me-ía a ripostar; muito para quem esqueceu essa capacidade, a magia... do sorrir com o olhar.
Não sei o que quero. Nem o sabes tu. Então porquê perguntar? Apenas sei que por vezes gostaria de te dar (muito) mais...

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segunda-feira, dezembro 01, 2008

Há dias assim... #45

Um contratempo...
Uma contrariedade...
Um caminho diferente...
A arbitrariedade...
As opções e as escolhas...
Quando algo passa ao lado e ficamos a observar...
Quando sentimos fugir-nos das mãos o que tanto queremos...
Quando percebemos que a nossa vontade não chega...
Há dias em que um simples gesto diz tudo...
E a ausência dele mais ainda...
Há dias em que nos sentimos intransigentes connosco próprios, mas muito mais com os outros.
Sabemo-nos irrazoáveis...
Sabemo-nos de obrigação de distanciamento... observar e entender...
Há dias em que o filtro da compreensão se ausenta por tempo indeterminado e nos faz cair no irrazoável, no irresponsável, no insano...
Há dias em que queremos muito e nada...
Há dias em que percebemos que não importamos assim tanto... não importa assim tanto... não me importa assim tanto...
Sentir que se faz uma birra de criança porque não nos fizeram a vontade... e sentir a profunda frustração e desejo de que tivesse corrido de feição...
Há dias em que o Mundo não gira à nossa velocidade e temos que parar para voltar a agarrar... talvez na próxima volta...
Há dias assim...

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Há dias assim... #44

Ouço Mozart. Requiem. O aspirador a meio da sala. Meio metro ao lado o balde e a esfregona. Loiça por lavar na cozinha. Como sonho com a máquina da loiça! Já a pedi ao Pai Natal e disse-lhe que este ano me portei bem... E que no próximo me vou portar ainda melhor.
2 gatos enroscados em frente ao aquecedor. Luz fraca proveniente de um céu carregado, prestes a desabar sobre o verde e castanho da paisagem que se estende janela afora.
Ontem vi o mar. Aquele mar que me trouxe a estas paragens... Ondas enormes, de espuma branca. Grande, imponente, forte, cheio de uma força que não vemos de onde vem...
Um trago de Earl Grey bem quente. Roupão bem chegado ao corpo e um sofá que convida a simplesmente estar.
Lista infindável de coisas para fazer. Lista ínfima de vontade para...
Há dias em que deveríamos simplesmente ficar... na cama, no sofá, no aconchego....
Dias em que a luz convida a um livro emocionante, em que caneca nenhuma é grande o suficiente para tanto chá que o corpo pede.
Há dias em que o ficar e o não ir se confundem num cheiro de sconnes acabados de fazer com manteiga a derreter.
Meias de lá e cachecóis...
Mantas e almofadas...
Há dias em que tudo pára excepto o tempo.
Dias em que o pensamento não voa, o coração não bate o peito não se eleva...
Dias em que a inércia vence toda e qualquer tentativa de sair do marasmo...
Dias em que só os sentidos estão alerta. Sabor a chá. Cheiro a lareira. Letras e mais letras e palavras e frases e parágrafos e páginas e páginas e páginas e livros inteiros, que passam por debaixo dos meus olhos. Notas suaves, umas, fortes, quase agressivas outras, que me entram pelos ouvidos adentro sem pedir licença...
Há dias assim...

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Ao serão...

Pois que o serão de ontem foi passado no estádio do meu Spoooorting!!!

Apesar de 2 bons golos, apesar das barracadas da arbitragem, apesar de ter saltado da cadeira em actos cujo objectivo não era meramente aquecer o corpo e a voz, apesar de até estar aconchegadita e com a possibilidade de ter um copo de bom tinto na mão... o vento cortava e após uma chuvada já no caminho para casa, acompanhada pelos simpáticos senhores do boné que me obrigaram a sair do carro em pleno dilúvio... Era assim que me sentia na noite de ontem: