quarta-feira, maio 28, 2008

Vindo do nada disse o que sentia!

Vindo do nada disse o que sentia. O que queria; o que lhe ía na alma e no coração. Talvez pudesse ser mais clara. Achava que não. Saiu de repente qual fonte de que jorra uma água límpida e fresca. Era uma mensagem pura. Talvez mascarada com a máscara da pouca subtileza que lhe restava... Do receio de ser agressiva ou invasiva. Disse-o e tentou sentir-se aliviada por isso. Mas não sentiu. Pelo contrário! Faltava-lhe a presença, a expressão, o olhar, o bater de coração, a voz embargada. Faltou-lhe ver reacção. Faltou-lhe o que continuava a faltar. Saber. Queria ter nas mãos um poder especial. Queria entrar na sua cabeça, no seu peito e sentir. Perceber. Queria querer diferente...Vindo do nada disse o que sentia. Partilhou-o! Pode ter sido mera comunicação disfarçada no etéreo e mundano que fez transparecer. Mas sabia que a máscara era apenas parcial. Sabia que havia passado mais do que havia dito. Havia um olhar que não a largava. Não a deixava sossegar, esquecer... Repetia-se uma e outra vez... Curto! Sempre curto, mas nem por isso com falta de intensidade. Não! Era um olhar que percorria a sua alma desnudada. Talvez procurasse algo. Talvez um defeito para fugir de alma ferida. Talvez algo mais intenso, disfarçado, mascarado por palavras vãs...Vindo do nada disse o que sentia! Esperava algo de volta, claro. Mas sabia-se de esperança louca... Sabia que era monólogo. Sabia que se limitaria a partilhar algo de muito seu... Não mais! Queria não precisar de o fazer. Queria afastar-se. Queria olhar com a lente da distância e da racionalidade. Queria não apertar, não agir, não falar, não procurar...Sabia que o destino do que dizia era cinzento. Sem cor, sem brilho, sem definição. Nem de perto preto ou branco. Sabia que podia acinzentar ainda mais, mas num momento egoísta agiu. Fê-lo! Vindo do nada disse o que sentia! e por breves segundos sentiu alívio. Sabia que não faria bem a ninguém. Sabia que não tinha esse direito. Mas tinha a liberdade e fê-lo! Sabia que até podia ter efeito contrário ao desejado... Mas aquele aperto no peito... aquela respiração acelerada... aqueles tremores inexplicados, descontextualizados...Vindo do nada disse o que sentia! Secretamente e sem sequer o admitir para si própria, esperava resposta... Esperava sobretudo que a mensagem não transmitida, chegasse... Esperava secretamente que o desfecho fosse diferente do expectável. Esperava perseverança. Esperava sonho. Esperava vida. Esperava coragem e determinação. Esperava clareza de espírito e aventura de coração. Esperava ambição. Esperava decisão. Esperava alegria no olhar. Esperava genuinidade e abertura para tal. Esperava intensidade nos sorrisos dos olhares. Esperava crescimento... Esperava espera e esperar...Vindo do nada disse o que sentia!

Etiquetas:

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial