Véspera do que há-de ser...
Há algo no ar que a obriga a respirar fundo. O ar frio que percorre as narinas quase dói. Nos pulmões é insuficiente. O estômago aparenta vazio quando a luz surge. Percorre-a um arrepio longo, suave, firme. O burburinho permanece. Aumenta, parece! Estremece. Sacode a cabeça em jeito de libertação da energia acumulada. Torce o pescoço para ambos os lados. Estica os braços acima da cabeça. Alonga o tronco de ambos os lados e permite-se descontrair. Quer relaxar. A tensão acumulada nos ombros vê-se à distância na rigidez da posição que adopta por horas a fio. Não queria estar ali. O seu pensamento viaja por um éden desconhecido. Ofusca-lhe o pensamento, a luz que chega duma imagem não realizada. Lê palavras inesperadas e o arrepio percorre-a. Tomada pelo desejo, permite-se sonhar acordada! Partilha. Questiona-se e tenta em vão realizar algo que não é senão emoção. Quem sabe já sentimento. Nega-o com veemência, firmeza, segurança... Nega-o... Mas duvida de si própria. Os arrepios, os sonhos, as luzes, as energias... Assusta-se! Da posição rígida, dá um salto. Um músculo do ombro que fica preso... Dorida, luta em vão por um regresso a uma posição confortável. Não a mesma, a inicial, essa não quer. Já chega! Está farta! Quer outra, mas o corpo entorpecido de horas de inanição está perro. Custa a mexer. Talvez enferrujado. Luta consigo mesma e com cada pedaço do seu corpo. Sabe que não poderá voltar à mesma inanição. Sabe-o, tal como o sabe cada pedaço de pele, cada aroma absorvido, cada olhar partilhado. Sabe-o. É intrínseco. É demasiado interior. Apenas o sabe e pronto. É difícil mexer o estático e estabelecido. É difícil agitar águas estagnadas. Sabe-o! Sente-o! Mas continua a sentir uma dor lancinante. Sente-se presa! Estará coberta de entulho? Soterrada? Será apenas o ar frio que custa a chegar as pulmões? Tem uma vontade inexplicável de saltar da cadeira e correr em direcção à porta. Girar a maçaneta. É daquelas antigas. Redondas. De um bronze gasto, velho. Range. Está pesada, presa. Mas roda. Gira em torno de si mesma até que se ouve um click e a porta fica subitamente leve. Como que empurrada por uma leve brisa, deixa antever um verde pasto, de aromas recheado e sensações à flor da pele.
Não consegue correr... Um músculo preso grita de dor. Grita por socorro que não chega, não é suficiente. Sente uma mão firme. Forte. Suave. Macia. Viaja pelo seu corpo ao sabor do desejo e ao ritmo do que sabe que não pode. Abstrai-se de si mesma e observa o prazer oferecido. Recebido. Quer mais... Mais tempo. Mais liberdade. Mais seriedade. Mais firmeza. Mais frequência. Mais certeza! Mais...
Não consegue correr... Um músculo preso grita de dor. Grita por socorro que não chega, não é suficiente. Sente uma mão firme. Forte. Suave. Macia. Viaja pelo seu corpo ao sabor do desejo e ao ritmo do que sabe que não pode. Abstrai-se de si mesma e observa o prazer oferecido. Recebido. Quer mais... Mais tempo. Mais liberdade. Mais seriedade. Mais firmeza. Mais frequência. Mais certeza! Mais...
Etiquetas: Emoções
3 Comentários:
Olá! As melhoras para ti! beijos
eu não uso óculos... mas tu deves tar a ver se me colocas com uns :P ou então deves tar à espera que compre um monitor de 300 polegadas :P
nuno,
Obrigada pr mais uma visita!!! ;)
mtheman,
hahaha, a pensar em ti, já aumentei a letra dos últimos posts, ok???
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