terça-feira, maio 20, 2008

Véspera do que há-de ser...

Há algo no ar que a obriga a respirar fundo. O ar frio que percorre as narinas quase dói. Nos pulmões é insuficiente. O estômago aparenta vazio quando a luz surge. Percorre-a um arrepio longo, suave, firme. O burburinho permanece. Aumenta, parece! Estremece. Sacode a cabeça em jeito de libertação da energia acumulada. Torce o pescoço para ambos os lados. Estica os braços acima da cabeça. Alonga o tronco de ambos os lados e permite-se descontrair. Quer relaxar. A tensão acumulada nos ombros vê-se à distância na rigidez da posição que adopta por horas a fio. Não queria estar ali. O seu pensamento viaja por um éden desconhecido. Ofusca-lhe o pensamento, a luz que chega duma imagem não realizada. Lê palavras inesperadas e o arrepio percorre-a. Tomada pelo desejo, permite-se sonhar acordada! Partilha. Questiona-se e tenta em vão realizar algo que não é senão emoção. Quem sabe já sentimento. Nega-o com veemência, firmeza, segurança... Nega-o... Mas duvida de si própria. Os arrepios, os sonhos, as luzes, as energias... Assusta-se! Da posição rígida, dá um salto. Um músculo do ombro que fica preso... Dorida, luta em vão por um regresso a uma posição confortável. Não a mesma, a inicial, essa não quer. Já chega! Está farta! Quer outra, mas o corpo entorpecido de horas de inanição está perro. Custa a mexer. Talvez enferrujado. Luta consigo mesma e com cada pedaço do seu corpo. Sabe que não poderá voltar à mesma inanição. Sabe-o, tal como o sabe cada pedaço de pele, cada aroma absorvido, cada olhar partilhado. Sabe-o. É intrínseco. É demasiado interior. Apenas o sabe e pronto. É difícil mexer o estático e estabelecido. É difícil agitar águas estagnadas. Sabe-o! Sente-o! Mas continua a sentir uma dor lancinante. Sente-se presa! Estará coberta de entulho? Soterrada? Será apenas o ar frio que custa a chegar as pulmões? Tem uma vontade inexplicável de saltar da cadeira e correr em direcção à porta. Girar a maçaneta. É daquelas antigas. Redondas. De um bronze gasto, velho. Range. Está pesada, presa. Mas roda. Gira em torno de si mesma até que se ouve um click e a porta fica subitamente leve. Como que empurrada por uma leve brisa, deixa antever um verde pasto, de aromas recheado e sensações à flor da pele.
Não consegue correr... Um músculo preso grita de dor. Grita por socorro que não chega, não é suficiente. Sente uma mão firme. Forte. Suave. Macia. Viaja pelo seu corpo ao sabor do desejo e ao ritmo do que sabe que não pode. Abstrai-se de si mesma e observa o prazer oferecido. Recebido. Quer mais... Mais tempo. Mais liberdade. Mais seriedade. Mais firmeza. Mais frequência. Mais certeza! Mais...

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3 Comentários:

Às maio 21, 2008 12:00 da manhã , Blogger nuno medon disse...

Olá! As melhoras para ti! beijos

 
Às maio 21, 2008 7:12 da tarde , Blogger mtheman disse...

eu não uso óculos... mas tu deves tar a ver se me colocas com uns :P ou então deves tar à espera que compre um monitor de 300 polegadas :P

 
Às maio 28, 2008 8:55 da tarde , Blogger Catarina disse...

nuno,
Obrigada pr mais uma visita!!! ;)

mtheman,
hahaha, a pensar em ti, já aumentei a letra dos últimos posts, ok???

 

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