sábado, novembro 15, 2008

Episódio Nº1 da Nova Novela Mexicana

Amanhece o sol. Frio! Daquelas manhãs de Outuno, quase Inverno.
Qual dona de casa que nunca pára, comecei por colocar isto no sítio, passar ali um pano, verificar a comida dos gatos, limpar-lhes a caixa, e finalmente sentei-me no sofá a tomar o meu pequeno-almoço de fim-de-semana e a ver as primeiras notícias da manhã na minha RTP2.
Ajeitei-me ao banho, liguei o aquecedor da casa-de-banho e despi o pijama. Entrei banheira adentro e o contacto dos pés desnudados com a água fria que corria da torneira, arrepiou-me até a alma. Rapidamente percebi que o gás não estava aberto. Saí da banheira a correr, vesti o roupão turco, sai do wc, fechando atrás de mim a porta, para que o calor não se dissipasse. Chinelos nos pés, abri a porta do quarto, passei, fechei a porta do quarto. Abri a porta de casa e enquanto puxo a porta do armário das escadas e me debruço para abrir o gás, puxo atrás de mim a porta de casa. Pausa, meio agachada. Olho aterrada para a porta de casa. Estava mesmo fechada. Deito a mão direita ao bolso do roupão e olho para a esquerda. A chave estava na porta... do lado de dentro... estava sozinha nas escadas do prédio... toda nua... apenas com um roupão turco por cima da pele. Desorientada, empurro a porta, dou-lhe encontrões... Mas vá-se lá saber porquê, as portas de casa não foram feitas para abrir com encontrões. Os meus pais têm que vir trazer-me a chave... Não tenho telemóveis... Como é que lhes ligo? Vou trepar a varanda. Desci as escadas, e até abri a porta da rua, mas logo desisti da ideia: não só não era possível trepar à varanda sem uma escada ou escadote para o impulso inicial, como seria incapaz de o fazer nos propósitos em que estava. E se alguém passa e me vê a trepar por cima da grade e do muro do vizinho? Tenho que alçar a perna. ESTOU NUA!!! Volto a subir as escadas. Novo encontrão na porta, que teimosamente, permanecia quieta... e fechada. Toco à porta da vizinha do lado, que apareceu desgrenhada e acabadinha de acordar... Desculpe, deixei fechar a porta de casa. Deixe-me ligar aos meus pais para me virem trazer a chave. Não tenho coragem de ir ao café nestes propósitos... É que, debaixo disto... só pele!!! O pânico do lado de lá era solidário. Depressa se lembrou dum episódio, há uns meses atrás, em que lhe tinha acontecido o mesmíssimo, com a sorte de não se encontrar Nuínha da Silva... Lembrou-se de um senhor simpático que lhe conseguiu abrir a porta de casa com uma radiografia... hein??? Radiografia??? Bom, ok, no desespero em que estou, aceito tudo... Acordou o rapaz lá de casa que apareceu em calças de pijama e nem me surpreenderia que me rogasse uma praga, mas não... De forma simpática e bem disposta, agarrou-se à radiografia como se não houvesse amanhã, até que começou a transpirar. Optamos pela sugestão de se subir pela varanda, uma vez que tinha a porta do quarto aberta. Pegou no escadote e começa a descer as escadas. Enquanto isto, a vizinha vem a sair de casa e... Ó C. traz as chaves não traz??? Veja lá, não faça como eu... Trago sim, estão aqui no bolso do roupão... e puxa da porta de casa que imediatamente se fecha. Enquanto isso, levanta os seus olhos aterrados e fica como que colada à porta... Que foi? Não me diga que trouxe as chaves erradas? Não, nada disso. As chaves são estas, só que as outras ficaram por dentro... Pânico!!! Pânico pela 2ª vez na mesma manhã, e o que é pior, pelas mesmas razões... Enquanto descemos as escadas, o homem lá de casa da vizinha já me tinha entrado quarto adentro e aberto a porta... Conforme subimos novamente, agradeço do fundinho do meu coração e comunicamos-lhe que começou a provação nº2. Desta vez não dava para subir pela varanda, uma vez que as janelas estavam todas fechadas... Entre chave de fendas, tesoura e sei lá que mais outros instrumentos, o coitado do homem lá de casa da vizinha transpirava e já não dizia piadas bem dispostas. Ao cabo de algum tempo, temperado com gargalhadas nervosas, olhares cúmplices e momentos de puro pânico e desespero... finalmente conseguiram empurrar a chave de dentro e colocar a de cá para abrir a porta...
Cada uma fechou a porta sobre si, e tomei aquele que poderá ter sido o banho mais reconfortante dos últimos tempos...

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1 Comentários:

Às novembro 15, 2008 5:16 da tarde , Blogger grão de pó disse...

as pragas que o vizinho não te rogou ao ser acordado na sua manhã se descanso, devem ter saído todas no momento em q a tua porta abriu...

 

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