onde...
O sol já se havia posto...
O céu raiado de cores esbatidas aguardava o subir das estrelas. A Lua Cheia já havia passado. Caminhava para o vazio. Os sons da Mãe Natureza ofereciam sensações únicas. Ao longe um cão ladrou. As últimas andorinhas recolhiam aos ninhos, uma rã que coaxou... A ligeira brisa trazia odores únicos e inconfundíveis. Não cheirava a mar, não... Não chegava ali. Mas sabia-se que estava por detrás daquele monte. Uns passos à frente... Aquele pomar estava cheio de frutos. Grandes, ainda verdes, mas prestes à colheita... As uvas cresciam a olhos vistos, e todos os anos batiam recordes. Lembrava-se de um cacho imenso. De cor forte. Pesaria certamente uns 3kg... talvez mais...
Deserto... Expressão curiosa. Podia identificar-se com inúmeros conceitos, mas a mensagem era sempre a mesma: morte, vazio, espera, seco... Seco... Espera... Vazio... Morte...
Deserto! Sabia-se que por vezes o pousio era a única solução. Terreno cansado precisa de descanso. Precisa de paz. Precisa de atenções diferentes... Não ausentes... Diferentes... Talvez precisasse do seu deserto. Mas teimava em produzir. Não se sabia se tomado por ervas daninhas, se meramente produtivo e incansável... Talvez uma praga... Mas não parava... Parecia que tão depressa quanto fazia brotar algo das suas entranhas, se encarregava de a matar por dentro. Começava por amarelecer, murchando, secava e desaparecia ao sopro de uma ou outra brisa com cheiro a mar... Talvez se devesse deixar ao sabor da Mãe Natureza, ao capricho do seu próprio ritmo... A intervenção teimava em não conseguir dominar o que não se sabia se era praga... O tratamento podia estar longe de adequado... O diagnóstico? Permanecia incógnito. Mas a Lua continuava a encher e a esvaziar. As andorinhas cresciam e emigravam. O cheiro da vacaria chegava com a nortada. Os cães ladrariam uma e outra vez... Talvez um pousio, um quase abandono ao ritmo biológico dos acontecimentos fosse o melhor... O deixar estar. Se secasse por ausência de chuva, a praga morreria de sede. Se a chuva fosse imensa, o pântano afogá-la-ia... Se o vento erodisse os altos e baixos do relevo... Se as entranhas da Terra se revoltassem e revolvessem... Talvez então estivesse pronto para ser. Pleno. Nobre. Genuíno. Produtivo... Talvez simplesmente precisasse de algo mais forte, mais intenso, mais dirigido e direccionado... Talvez estivesse aguardando a orientação firme e indubitável do que fazer e para onde ir...
Não se sabia muito bem o que aconteceria amanhã... Mas as estrelas subiriam no céu, ao anoitecer. A Lua lá estaria, a caminho do pleno nada. A brisa podia trazer o cheiro a vacas ou a mar... Amanhã tudo estaria... Não se sabia como, nem quando, nem onde, nem porquê, muito menos por que não... mas amanhã tudo estaria... àquela hora em que o sol já se havia posto e o céu estaria raiado das mais diversas cores esbatidas...
O céu raiado de cores esbatidas aguardava o subir das estrelas. A Lua Cheia já havia passado. Caminhava para o vazio. Os sons da Mãe Natureza ofereciam sensações únicas. Ao longe um cão ladrou. As últimas andorinhas recolhiam aos ninhos, uma rã que coaxou... A ligeira brisa trazia odores únicos e inconfundíveis. Não cheirava a mar, não... Não chegava ali. Mas sabia-se que estava por detrás daquele monte. Uns passos à frente... Aquele pomar estava cheio de frutos. Grandes, ainda verdes, mas prestes à colheita... As uvas cresciam a olhos vistos, e todos os anos batiam recordes. Lembrava-se de um cacho imenso. De cor forte. Pesaria certamente uns 3kg... talvez mais...
Deserto... Expressão curiosa. Podia identificar-se com inúmeros conceitos, mas a mensagem era sempre a mesma: morte, vazio, espera, seco... Seco... Espera... Vazio... Morte...
Deserto! Sabia-se que por vezes o pousio era a única solução. Terreno cansado precisa de descanso. Precisa de paz. Precisa de atenções diferentes... Não ausentes... Diferentes... Talvez precisasse do seu deserto. Mas teimava em produzir. Não se sabia se tomado por ervas daninhas, se meramente produtivo e incansável... Talvez uma praga... Mas não parava... Parecia que tão depressa quanto fazia brotar algo das suas entranhas, se encarregava de a matar por dentro. Começava por amarelecer, murchando, secava e desaparecia ao sopro de uma ou outra brisa com cheiro a mar... Talvez se devesse deixar ao sabor da Mãe Natureza, ao capricho do seu próprio ritmo... A intervenção teimava em não conseguir dominar o que não se sabia se era praga... O tratamento podia estar longe de adequado... O diagnóstico? Permanecia incógnito. Mas a Lua continuava a encher e a esvaziar. As andorinhas cresciam e emigravam. O cheiro da vacaria chegava com a nortada. Os cães ladrariam uma e outra vez... Talvez um pousio, um quase abandono ao ritmo biológico dos acontecimentos fosse o melhor... O deixar estar. Se secasse por ausência de chuva, a praga morreria de sede. Se a chuva fosse imensa, o pântano afogá-la-ia... Se o vento erodisse os altos e baixos do relevo... Se as entranhas da Terra se revoltassem e revolvessem... Talvez então estivesse pronto para ser. Pleno. Nobre. Genuíno. Produtivo... Talvez simplesmente precisasse de algo mais forte, mais intenso, mais dirigido e direccionado... Talvez estivesse aguardando a orientação firme e indubitável do que fazer e para onde ir...
Não se sabia muito bem o que aconteceria amanhã... Mas as estrelas subiriam no céu, ao anoitecer. A Lua lá estaria, a caminho do pleno nada. A brisa podia trazer o cheiro a vacas ou a mar... Amanhã tudo estaria... Não se sabia como, nem quando, nem onde, nem porquê, muito menos por que não... mas amanhã tudo estaria... àquela hora em que o sol já se havia posto e o céu estaria raiado das mais diversas cores esbatidas...
1 Comentários:
a terra, para que produza frutos sem ervas daninhas, tem que ter tempo de levar a cabo a sucessão ecológica, desde a mais pequena herbácea à floresta instalada.
mas nem todos os climas são de floresta. também os há de matos, pauis, sapais...
o que é comum, é que para que sejam saudáveis, precisam do tempo que os regenere.
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