sábado, novembro 25, 2006

Há dias assim... #18

Por entre cada raio de sol soprava uma ligeira brisa. Apenas o suficiente para o calor não ser totalmente desfasado da época do ano...
Era perfeito o momento. A paisagem de cortar respiração e no prato um manjar dos Deuses.
Estivesse ao meu alcance e repetia muitas e muitas mais vezes.
O coração batia compassado. E batia com uma força estranha. De repente estava lá e fazia-se anunciar.
A perfeição do momento arrancava sorrisos e gargalhadas, um bem estar profundo e uma certeza. A certeza de que a felicidade existe e não está tão longe assim.
Animal racional. É-lhe intrínseca a insatisfação. A vontade de querer sempre mais. O perfeito não satisfaz, a felicidade não chega. E por vezes o gap é tão insignficante quanto uma convenção, um preconceito, um receio, um pavor de arriscar...
Se num momento o receio toma conta da vontade, noutro a felicidade e descontração obrigam a encarar de outra forma. Mais leve, mais soft, mais solta das convenções... Mais tolerante, mais destemida...
E surge uma vontade imensa de preencher esse gap.
Um ímpeto destemido que me faz sentir dona do Mundo. De repete tudo posso. Tudo sei. Tudo quero...
E quero...
Há dias em que as fraquezas se transformam em forças e nos fazem vestir a pele do Conquistador.
Há dias em que de espada em punho desbravamos caminhos, lutamos em campo aberto, conquistamos impérios.
Há dias em que o medo foge, e a coragem nos possui.
Há dias em que quero...
Quero e quero mais ainda. Quero ser feliz.
Há dias em que a felicidade surge nas mais pequenas coisas como um raio de sol, uma gaivota a planar, uma gota que cintila numa pétala.
Há dias em que a felicidade a alcançar nos arranca sorrisos descabidos. E dias em que sorrio de volta para o sol na tentativa de lhe retribuir o mimo. O mimo...
Há dias em que quero correr... Correr, correr... Correr atrás de algo. Correr atrás de alguém. Correr atrás de uma ideia. Correr... correr.
Há dias em que o poder está nas minhas mão e simplesmente é necessário dar um passo.
Há dias em que o poder nas minhas mãos assusta, e simplesmente não gera o passo necessário.
Há dias em que penso que nada tem que surgir da pressão, apesar de a sentir, e não poder ignorar, e gostar, e querer agir, e pensar no medo e não agir e sentir a pressão e não a querer ignorar e tremer... Mas não de frio.
Há dias em que o turbilhão regressa de sorriso nos lábios a anunciar que sabia que ía voltar.
Há dias assim...

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