quinta-feira, setembro 21, 2006

Há dias assim... #16

Lá fora a chuva cai...
Por entre o silêncio da noite, ouço cada gota que toca o solo. Ouço cada gota ser absorvida pela terra ávida de vida...
Lá fora, o vento voa... de asas abertas percorre distâncias imensas e vai... segue... sem obstáculos... Tem a força de 1000 cavalos voadores e a vontade de uma criança que brada o primeiro grito...
Cá dentro ouço.
Cá dentro, aconchego-me no calor do edredon que acabou de sair do armário. Enrosco-me...
Cá dentro ainda sinto o tocar de cada raio de sol na minha pele.
Lá fora o ambiente é inóspito e só ganha beleza visto cá de dentro...
Há dias em que as núvens nos oferecem tudo o que têm para dar.
Há dias em que a sua generosidade é imensa e a beleza de tal oferta carrega consigo paz.
A calma da tempestade.
Vistos cá de dentro, a chuva, o vento, o frio, os salpicos das ondas mais zangadas... vistos cá de dentro levam consigo... levam... levam tudo e deixam o ambiente limpo, solto, preparado para novas tempestades.
Há dias em que os contrastes se aproximam de forma que chegam a confundir-se...
Há dias em que os oposto não são assim tão opostos e fazem todo o sentido...
Há dias em que o que é comum não é aparente, mas é sólido, basilar...
Há dias em que o que não faz sentido é que faz sentido e em que o absurdo é que é normal e em que o inesperado é exigível e o inaceitável espectável...
Há dias em que me deixo ir no vento... me deixo ir com a chuva... me enrolo à distância nas ondas zangadas...
Há dias em que tudo e nada ganha beleza natural e apenas me deixo ir...
Há dias em que a vontade de viver tudo num só dia me dá alento para cometer as maiores loucuras, mas...
Há dias em que observo as coisas simples... a relva, o pôr-do-sol, um sorriso, um olhar...
Há dias em que absorvo cada inspiração alheia e queria sentir o vento e o calor da expiração...
Há dias em que a chuva cai cá dentro e leva consigo tudo e nada...
Há dias assim...

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2 Comentários:

Às setembro 22, 2006 4:14 da tarde , Blogger António Maia disse...

Há dias em que se pudesse rebobinava e fazia tudo diferente, há dias em que sinto que fui muito burro em não te aceitar como és simplesmente, há dias em que me apetece pedir desculpa por ter sido tão grosso.
Desculpa-me!
Há dias em que preciso que me aceitem, só!
Uma vénia profunda de admiração!

 
Às setembro 23, 2006 9:56 da tarde , Blogger Catarina disse...

antónio,
não te ensino nada quando digo que cada um é como cada qual... e é nossa obrigação aceitarmo-nos uns aos outros tal qual somos... a beleza de cada um está em ser diferente do vizinho do lado. E ninguém muda ninguém. E acredita que todos te aceitam. Tu és quem és e é por isso que te apreciamos...

 

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