segunda-feira, setembro 11, 2006

Há dias assim... #15

Um ligeiro movimento fá-la regressar desse sono reparador que diariamente a deixa bem-disposta... Não se mexeu, e 2 segundos depois percebeu que era a gata que tinha acabado de acordar e que já provocava o gato para a brincadeira.
Schhhhh!!!!! Era a derradeira esperança de que tudo sossegasse durante os parcos 20 minutos de cama que lhe restavam antes do despertador tocar.
O sossego voltou. O silêncio imperou, e o despertador tocou. Achou que algo estava errado. O relógio marcava aquela hora. Num esforço hercúleo esticou-se e alcançou o telemóvel na mesa-de-cabeceira. Marcava a mesmíssima hora. "Aiiiiiii.... Porra!!! Não pode. Algo está errado. Está tão escuro lá fora... Não pode ser. Enganei-me nas horas. Será que a hora mudou e eu não dei por nada??? Será que... será que... Mais 10 minutos!!!"
O despertador sofre diariamente um a dois carinhos menos meigos... Estava na hora do primeiro. Mas os gatos já estavam engalfinhados na brincadeira, e já havia despertado. Só estava ali mesmo a apreciar o quentinho...
Finalmente decidiu-se.
Saiu da cama, levantou o estore e susto: além de estar escuro, ou seja, do sol ainda estar tão tímido que mal se notava, estava um nevoeiro de não se ver mais de 15 metros... "É o que dá morar perto do mar", pensou.
A rotina matinal está bem definida e por ela passou sem sobressaltos.
Meteu-se no carro e "here we go"... Ainda por cima é o dia de regresso à vida lectiva, pelo que o trânsito deve estar um caos. Estranhamente não estava. Fez o caminho como se de qualquer dia de pleno mês de Agosto se tratasse.
Mas o tempo.... o tempo dá cabo dela. Esta coisa de sentir o Verão esvair-se a pouco e pouco. De notar cada grau que se perde na temperatura diária... De notar o amanhecer tardio e o entardecer precoce... este tempo que nem é nem deixa de ser, ora ameaça que chove, ora faz um calor danado... E o nevoeiro. E a luz que passa entre as nuvens e quase cega. Quem tem olhos sensíveis sabe do que falo. Pior que um dia de sol resplandecente é um dia de nevoeiro em que a luz escapa atrevidamente por entre as bolas de algodão. Parece que ganham outra força, como quem diz; haha consegui escapar-te!!! Ganhei-te!!!
Este decair do calor, da luz sem obstáculos, do dia de 18 horas... tudo isto se vai sentindo na pele... e a luz!!! ai a sacana da luz que dá cá uma dor de cabeça!!!
Há dias em que um simples raio de sol é um presente de milhões...
Há dias em que o verde daquela árvore se torna diferente...
Há dias em que até a chuva, ou a sua ameaça é motivo para sorrir...
Há dias em que o Mundo é a nossa concha e nela escrevemos o nosso caminho...
Há dias em que tudo e nada é felicidade...
Há dias em que o ar passa assim sereno, descuidado, meigo...
Há dias assim...

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5 Comentários:

Às setembro 11, 2006 6:35 da tarde , Blogger João disse...

Há dias em que tudo nos deixa felizes e outros em que nada nos consegue alegrar.
A ida do Verão e a decadência dos dias é inevitável, mas morando perto do mar, pode-se apreciá-lo no Inverno...forte, mau, a castigar as rochas e de quantos nele se aventuram, lindo...e carregar baterias.
O Verão seguirá dentro de (alguns) momentos ;)

 
Às setembro 12, 2006 10:51 da manhã , Blogger Catarina disse...

joão,
dias... e pronto!!! O mar, tens razão, tem um encanto diferente no Inverno. São muitas as tardes em que me deixo ficar a ver a força do bater das ondas na rocha... Parece que me lava as energias: extrai as negativas e oferece positivas, novas, agradáveis...
Mas o Verão é a minha estação de eleição. Preciso do sol, do calor...

 
Às setembro 12, 2006 3:42 da tarde , Blogger António Maia disse...

Noto melhoras significativas na tua escrita, só há um caminho, continuar a escrever e melhorar sempre. É e nossa obrigação enquanto seres inteligentes. Sabendo que a perfeição está no infinito é o nosso objectivo.

Continua a tua viagem na paz do mar.
Uma vénia profunda de reconhecimento pela melhoria da escrita. Força!

 
Às setembro 13, 2006 9:58 da tarde , Blogger Catarina disse...

antonio,
muito obrigada. Mas a escrita mais não é que identificação... de quem escreve, de quem lê, de quem entende o significado intrínseco de uma palavra...
A escrita tb é um momento de cumplicidade...

 
Às setembro 18, 2006 5:48 da tarde , Blogger António Maia disse...

AS PALAVRAS

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio Andrade
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O poeta diz como é a escrita, as palavras. Mas concordo com a cumplicidade, em absoluto

 

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