terça-feira, setembro 19, 2006

Tratado sobre a Musse

Tudo começou com uma pergunta que me deixou desconcertada. Vinda do nada e depois de um "Boa Tarde, como estão?" é disparado um:
- "Diz lá tu, ó Catarina, qual é a diferença entre a musse caseira e a musse instantânea?"
-" Não!!! Não podes perguntar assim! É antes: De que é que gostas mais? Musse instantânea ou musse caseira?"
A esta altura já eu estava de sobrolho franzido a pensar "Mas que raio vai sair daqui? Será que devo responder? Ou desvio o assunto como quem não quer a coisa?"
- "Não pá!!! Isso não interessa nada... O que interessa é saber se se come boa musse caseira em Lisboa..."
- "pronto o que se passa é que o amigo A diz que em Lisboa não há nenhum restaurante onde se coma musse instantânea... É sempre servida a musse caseira..."
Aqui achei que estava segura e respondi... Convenhamos, musse que é musse é a musse caseira. Claro que a bela da Alsa dá pó gasto e às vezes (naquelas alturas do mês... meninas percebem-me não percebem???) é um verdadeiro manjar dos Deuses. Não acredito que todo e qualquer Restaurante desta nossa Capital à beira-mar-plantada sirva musse caseira. Mas eu envergonhava-me de servir uma Alsa com nome de musse. Portanto, acho que podemos partir do princípio que a grande maioria dos restaurantes por este mundo fora servem a mussesita caseirita...

Mas o que interessa mesmo é a essência da coisa e vamos lá a saber, qual é a melhor musse que já se comeu???
Começamos, primeiro que nada pela eterna batalha entra a musse e a mousse... Eu cá sou apologista que o Luis XIV comia mousse enquanto os tugas na tugalândia comem musse...
Mas, será que há diferenças entre as ditas??? Epá, esta coisa saiu-me mais complicada do que havia previsto inicialmente... Chiça!!! Não estava previsto!

Bom, mas não querendo fugir ao fulcro da questão, o que importa aqui é falar sobre musse. Perdoem-me os mais sensíveis a estas coisas da ortografia, caligrafia, e várias outras ciências terminadas em gia, mas o que é mportante é falar daquela coisa castanha escura e não da forma como se escreve...

Ora, depois de ultrapassadas as dificuldades semânticas, passamos para a questão visual. "Musse que é musse tem que ser escura." E mai nada!!! Agora cá musses acastanhadas e castanho claro... Isso não é musse! É projecto, na melhor das hipóteses...
E mais, musse que é musse tem bolhas.
E musse que é musse tem uma camada dura por cima.
E musse que é musse depois de mexida e de envolvida a tal camada dura no restante néctar fica escorregadia. Pegando na colher e elevando-a na vertical o espesso "líquido" cai colher abaixo de forma que não se separa, não se desfaz... Ou seja, é algo macio, espesso, mas que escorre. É sedoso. E tem bolhas... nunca esquecer as bolhas...

Quando passamos para a parte do paladar... Sim, paladar, qual é o espanto? Eu sei que ninguém prova de boa-vontade uma coisa que é dura por cima, mas que depois de mexida amolece, e que é espessa mas escorrega da colher, e que é castanha escura... arghhhh!!! Mas acreditem, pode e deve-se passar à prova.
Pega-se numa colher e depois do tal ritual de mexer a dita da musse, bem mexida registe-se, retira-se um pouco na colher, passa-se a colher pela borda da taça... Acreditem, é mesmo assim. Este é o truque milenar (sim, que a musse é mais antiga que o próprio cagar... ai, escapou-se-me!!!) usado para evitar que a musse escorregue, escorra borda fora e cause espetáculo ainda mais nojento do que aquele que já se imagina...
Levada a colher à boca, é necessário fazer alguma pressão com os lábios na colher. Não esquecer que a musse é espessa e sem o devido cuidado, pode ficar um resto na colher... ou pior, escorrer pelo queixo abaixo. E ninguém quer ficar com uma coisa meio líquida, meio espessa, castanha escura a cair-lhe pela cara abaixo, pois não???
Bom, mas a musse já cá estava e é necessário saboreá-la. Epá, assim tanto não... Dentes castanhos também não é o mais bonito. Pronto, qb e seguindo o ritual engole-se a bela da dose...

E então? Convencidos? Doce qb. Espessa qb. Líquida qb. Com bolhas qb. E castanha qb...

Resumidamente a melhor musse é a musse qb. A verdadeira musse é aquela feita com chocolate de culinária Pantagruel, com ovos pequeninos, caseiros de preferência, e com o belo do açúcar, que essas paneleirices de adoçantes e coisas afins é só químicos... E a malta não se quer intoxicar pois não???

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