Ponto de Viragem
Há dias recebi um mail de um amigo com um post de uma amiga... "O Fardo da Solidão"... Se por si só, o conteúdo foi identificado com uma conversa de dias antes, há toques e retoques que me fogem mais ao sentimento de identificação. Sim, é um facto que sou uma solteira convicta e independente decididíssima. Sim, é verdade que também eu, trintinha solitária, apregoo as vantagens e o conforto de um estilo de vida baseado em decisões convictas e ponderadas. Ser uma gaija minimamente interessante, com casa própria, a construir carreira, não pensar em relações ditas estáveis, dizer que não quer ter filhos, ter amigos e amigas com quem se pode sempre trocar uns deditos de conversa, sair durante a semana para ouvir boa música e beber um copo de tinto... tudo isto é parte de um estilo de vida da trintinha solteira convicta. E convenhamos: é um estilo de vida com as suas facilidades... É confortável decidir a qualquer momento o que fazer e com quem, sem sequer se pensar se a outra pessoa lhe agrada o plano ou nem por isso... É fácil e confortável!!!
Mas depois há aqueles dias em que pela cabeça passam pensamentos menos ortodoxos "A falta de uns braços em volta dos meus ombros. De uma mão que me afague o cabelo. De um olhar reconfortante e meigo. De um silêncio partilhado. É em alturas assim que questiono opções e convicções..." Foi um pensamento partilhado num dia de angústias e questões... Questões que vão aparecendo de forma mais ou menos frequente... mas que vão marcando presença, até que um dia destes se tornam parte integrante do dia-a-dia...
Ao contrário do post que me foi enviado por este amigo, não é da partilha de tarefas nem da segurança que sinto falta. Não é de quem decida o que jantar, ou compre os bilhetes, não é da "muleta, de alguém que de vez em quando faça o que me compete a mim fazer, que me alivie a carga e as preocupações"... Não! Claro que se me mostrasse um CD desconhecido, me levasse a um filme inesperado, um jantar simpático, descontraído e ao mesmo tempo estimulante... Isso sim, isso arregala-me os olhos, espevita-me os sentidos. Não quero alívio na carga e nas preocupações. Mas não me importava de alguém que de quando em vez me ouvisse os desabafos. Que de quando em vez apenas quisesse enroscar-se no sofá a ver um bom filme. Que de quando em vez partilhasse comigo os silêncios. E como eu prezo os silêncios!!! Talvez por isso ainda me faça imensa comichão a ideia de alguém a vaguear-me pela casa, a colocar os copos no sítio errado, a deixar as luzes acesas qdo sai da sala, a não baixar a tampa da sanita... Sim, isso ainda me faz muita confusão. Talvez com o tempo passe. Talvez já tenha passado demasiado tempo, e as tais das convicções me condicionem a adaptabilidade, a flexibilidade, a tolerância... O que pretenderia seria um tudo de um nada, ou um quase nada de um tudo... Ou talvez esse quase nada fosse crescendo de forma tão discreta que eu nem desse conta... E um dia acordava e era feliz, partilhando a minha vida com alguém... Construir algo pelas próprias mãos e deixar que alguém entre pela obra adentro não acontece de um dia para o outro...
Sinto que estou numa espécie de cruzamento. Sei que andar para trás está fora de questão. o sentido é único e é sempre em frente. Está nevoeiro e não há placas de indicação. Não sei muito bem onde estou, nem para onde vou. Sei apenas que a estrada percorrida faz parte do passado, cada kilómetro percorrido está isso mesmo:percorrido. O caminho será outro. Estarei pronta para o percorrer? À primeira análise diria que sim. Pelo menos tenho a motivação. As dificuldades surgirão concerteza. Outra coisa não seria de esperar... Como vou lidar com elas e se estarei preparada ou se as conseguirei prever??? Não sei e duvido que alguém me consiga elucidar. Percorri um caminho por determinado tempo. Guardo dele as melhores paisagens, nascer e pôr-de-sol, chuva, calor, vento, neve... Em todas as condições o percorri. Como tal, esgota-se nesta estrada, o que haveria para apreciar e/ou explorar.
Outros caminhos se abrem na encruzilhada. E cá estou eu, em busca de uma brecha no nevoeiro, em busca de uma escolha minimamente elucidada...
Mas depois há aqueles dias em que pela cabeça passam pensamentos menos ortodoxos "A falta de uns braços em volta dos meus ombros. De uma mão que me afague o cabelo. De um olhar reconfortante e meigo. De um silêncio partilhado. É em alturas assim que questiono opções e convicções..." Foi um pensamento partilhado num dia de angústias e questões... Questões que vão aparecendo de forma mais ou menos frequente... mas que vão marcando presença, até que um dia destes se tornam parte integrante do dia-a-dia...
Ao contrário do post que me foi enviado por este amigo, não é da partilha de tarefas nem da segurança que sinto falta. Não é de quem decida o que jantar, ou compre os bilhetes, não é da "muleta, de alguém que de vez em quando faça o que me compete a mim fazer, que me alivie a carga e as preocupações"... Não! Claro que se me mostrasse um CD desconhecido, me levasse a um filme inesperado, um jantar simpático, descontraído e ao mesmo tempo estimulante... Isso sim, isso arregala-me os olhos, espevita-me os sentidos. Não quero alívio na carga e nas preocupações. Mas não me importava de alguém que de quando em vez me ouvisse os desabafos. Que de quando em vez apenas quisesse enroscar-se no sofá a ver um bom filme. Que de quando em vez partilhasse comigo os silêncios. E como eu prezo os silêncios!!! Talvez por isso ainda me faça imensa comichão a ideia de alguém a vaguear-me pela casa, a colocar os copos no sítio errado, a deixar as luzes acesas qdo sai da sala, a não baixar a tampa da sanita... Sim, isso ainda me faz muita confusão. Talvez com o tempo passe. Talvez já tenha passado demasiado tempo, e as tais das convicções me condicionem a adaptabilidade, a flexibilidade, a tolerância... O que pretenderia seria um tudo de um nada, ou um quase nada de um tudo... Ou talvez esse quase nada fosse crescendo de forma tão discreta que eu nem desse conta... E um dia acordava e era feliz, partilhando a minha vida com alguém... Construir algo pelas próprias mãos e deixar que alguém entre pela obra adentro não acontece de um dia para o outro...
Sinto que estou numa espécie de cruzamento. Sei que andar para trás está fora de questão. o sentido é único e é sempre em frente. Está nevoeiro e não há placas de indicação. Não sei muito bem onde estou, nem para onde vou. Sei apenas que a estrada percorrida faz parte do passado, cada kilómetro percorrido está isso mesmo:percorrido. O caminho será outro. Estarei pronta para o percorrer? À primeira análise diria que sim. Pelo menos tenho a motivação. As dificuldades surgirão concerteza. Outra coisa não seria de esperar... Como vou lidar com elas e se estarei preparada ou se as conseguirei prever??? Não sei e duvido que alguém me consiga elucidar. Percorri um caminho por determinado tempo. Guardo dele as melhores paisagens, nascer e pôr-de-sol, chuva, calor, vento, neve... Em todas as condições o percorri. Como tal, esgota-se nesta estrada, o que haveria para apreciar e/ou explorar.
Outros caminhos se abrem na encruzilhada. E cá estou eu, em busca de uma brecha no nevoeiro, em busca de uma escolha minimamente elucidada...
Etiquetas: Emoções
1 Comentários:
olá. passo por aqui algumas vezes mas hoje tenho mm de comentar: belíssimo texto, magníficas palavras - retratam mto bem a forma como eu tb me sinto...obrigado pelas palavras!!!clau-lx
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