sábado, outubro 27, 2007

Mudar a pele...

Às vezes basta meter as mãos na massa e o que parecia não fluir, de repente toma forma...
Deixar aqui umas palavras é muito mais que um hábito... Um escape, um desabafo, uma partilha... Alimento para algo que sempre se gostou de fazer, mas que era autista. Não havia feedback. Não havia sujeição à crítica alheia... Não havia partilha.
E por vezes, é quem de nada sabe que melhor avalia... quem melhor observa... quem diz o necessário quando necessário...
Quebrar paradigmas não é fácil, nem se faz de um dia para o outro... É um processo longo, demorado, e na maior parte dos casos acompanhado de alguma falta de pacifismo.
E o ficar é tão cómodo! A permanência, a falta de quebras... tudo tão tentador!
É fácil ficar no marasmo. Desinteressante, mas fácil...
No entanto por vezes, quando menos damos por isso, o shaker entra em acção e nada volta a ser como dantes. Nem sempre os que estão à nossa volta têm noção de que é a eles que se deve este abanão... E por vezes também não têm vontade de aguardar pelo resultado final... Nem temos o direito de lhes pedir isso. Esperar por algo que queremos agora e não sabemos quando estará au point, se é que algum dia estará, não é algo que seja espectável, que se possa pedir ou cobrar....
Mudar não é fácil. Alterar estilos de vida, quebrar ciclos e vivências... É preciso tempo! É preciso passar pelo processo. Não é simplesmente subir ou descer um degrau. É muito muito mais que isso...
E depois há aquela sensação de nos estarmos a meter em algo que nos vai fazer sofrer... De saber que vai fazer chorar... Será que se consegue fugir a esse processo?
Não!
Ele é necessário e inevitável! E não há receitas...
São os processos, mais que os resultados, que fazem de nós o que somos hoje... e é este processo que fará de mim o que serei amanhã. Espero vir a ser uma pessoa mais interessante, de arestas mais limadas, mais humana, mais emocional em determinadas situações e mais racional noutras, e sobretudo mais quando devo ser mais e menos quando devo ser menos...
A insónia voltou!
Tenho os pensamentos a mil, tenho vento na barriga, não tenho fome, estou inerte, desinteressada, alheada, ausente...
O processo tem picos de emoções que me geram uma adrenalina não sentida há muito... Tenho medo! Tanto medo!!! Do processo, do resultado... mas sobretudo medo de já não saber mudar. Medo de estar acomodada ao conforto dum espaço e duma atitude definidos há uns tempos... As escolhas foram feitas com total convicção e conhecimento dos factos, riscos, axiomas, exigências, complexidades, dificuldades, do que abdicar, o que potencialmente ganhar... A pele está vestida e muito bem vestida... Mas até as cobras mudam de pele. Será que chegou a minha altura de mudar de pele?
Quero!
Tenho uma vontade e uma curiosidade incomensuráveis...
Mas tenho medo! Tenho medo como achava que já não podia ter... Gelo. Petrifico. Fico inerte. Incapaz de me mexer, de dar um passo seja em que direcção for... E tudo se mexe à minha volta... Tudo anda, tudo gira, fico tonta!
Não quero perder comboio. Mas tenho medo de apanhar o comboio errado... De não estar na plataforma certa, de não ter noção da hora, de não ouvir o apito...

5 Comentários:

Às outubro 28, 2007 4:06 da manhã , Blogger António Maia disse...

Mudar, pode não ser muito fácil, mas é importante e muito saboroso, quando mudamos para um lado que consideramos melhor, naturalmente, senão não vale a pena, mudar por mudar, não! Dependendo sempre do que pretendemos mudar, se for só o penteado, não vale, dizemos grandes mudanças, tomar outras opções.
Sabes, tenho em mim, que há pessoas que nunca mudam, talvez não precisem, porque caso contrário mudariam mais vezes ou não pensavam sequer que a mudança é difícil. Um dia vão olhar pra trás reparam que estão diferentes, sem nunca terem feito grandes mudanças de direcção ou invertido a marcha, serão pequenas opções que irão tomando, na realidade todos os dias fazemos pequenas mudanças, muitas das vezes sem consciência.
Definir o rumo, acertar agulhas e marchar com firmeza. Não são os comboios que se perdem, somos nós que não os achamos, por vezes. Bom é termos a segurança de poder deambular, até largo, sem no entanto perdermos o farol, jamais.
A dificuldade será em definir o rumo, traçar as grandes mestras; o que fazemos aqui e para onde queremos ir. Depois tudo fica mais fácil.

Tanto que se poderia dizer sobre mudanças, sobre novas roupas, mas será sempre um processo individual mesmo que implique outras gentes, a vida começa cá dentro da nossa porta, ahahaha há um fado assim ahahah

Fica bem, Catarina
vanerando-te
antoniomaia

 
Às outubro 29, 2007 12:08 da tarde , Blogger mtheman disse...

pior que perder o comboio é saberes que tiveste oportunidade de o apanhar mas que hesitaste e o perdeste...

segue o teu instinto... se correr bem estaremos cá para festejar contigo... se correr menos bem estaremos cá na mesma para o que for preciso...

 
Às outubro 29, 2007 2:01 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

De tempos a tempos é preciso parar um pouco e olhar o percurso que tomámos, repensar a vida, se o rumo que seguimos é realmente aquele que nos interessa. Faz parte da condição humana pois somos mais pergunta que resposta.
Xicoração.

 
Às outubro 30, 2007 8:17 da manhã , Blogger Daniela Sousa Photography disse...

Mudança é a palvra mais temida pelo Ser Humano, resistimos, tememos, evitamos, olhamos de lado, não queremos, mas faz parte de todo um processo de crescimento...
Quando mudamos dizemos que tem ser sempre para melhor e trabalhamos nesse sentido!
Quando tal não acontece... é porque tens mais uma prova para superar... e a palavra chave é não desistir!!
Amiga... Força! Muda se é isso que o teu coração, a tua cabeça e a tua vontade dizem!!

beijo grande

 
Às novembro 03, 2007 9:07 da tarde , Blogger Catarina disse...

a todos,
há mudanças para as quais não basta decidir... são mudanças mais profundas... atitudes, formas de pensar, opiniões, escolhas, caminhos, formas de agir e reagir... tudo demasiado profundo e arreigado para que uma simples decisão consiga alterar rumos...

 

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