Há dias assim... #22
Pela janela adentro chega um cheiro há muito esquecido.É daqueles cheiros que trazem memórias agarradas e imagens longínquas.
Cheira a sol.
Cheira a alegria.
Cheira a flores acabadas de colher.
É um cheiro que traz sorrisos e saudades.
Cheira a terra molhada.
Cheira a brisa marítima.
Cheira a risos inocentes.
É daqueles cheiros que mexe com os sentimentos e gera emoções. Conhecidas, umas, desconhecidas, outras. Será saudade só? Será melancolia? Será nostalgia só?
Cheira brincadeiras.
Cheira a abraços.
Cheira a olhares cúmplices.
Há dias em que os cheiros trazem consigo sorrisos. Daqueles sorrisos contagiantes. Daqueles sorrisos cúmplices. Daqueles sorrisos inocentes.
Há dias em que pela janela entra uma luz ensurdecedora que sabe a maresia.
Há dias em que o que não é não chateia e o que aborrece não assola o pensamento.
Há dias em que o pensamento voa e plana e revive emoções e faz sonhar... de novo.
Há dias em que o sonho resuscita e a inocência assume lugar cativo no pensamento, sabe-se lá por quanto tempo, sabe-se lá com que força, sabe-se lá com que extensão.
Há dias em que a criança que fomos torna a ser e o riso desmedido inocente franco livre honesto tonto... ganha asas e voa.
E voa. E voa. E voa.
Há dias em que a espera gera ansiedade e a ansiedade causa insegurança e a insegurança provoca arrepios.
Há dias em que as emoções se riem na nossa cara e brincam com os batimentos do coração e remexem o mais profundo do nosso querer.
Há dias em qe o sorriso é fácil e o suspiro é fundo e o olhar é apaixonante...
Há dias em que cheira a Primavera e sabe a Verão e o corpo segue ao sabor das ondas do vento...
Há dias em que o olhar voa e recolhe cheiros esquecidos e a mente sonha...
Há dias assim...
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